O pastor e escritor Ariovaldo Ramos é um conhecido militante político
de esquerda e visto como um dos principais pensadores da Teologia da
Missão Integral no Brasil. Desde o advento do processo de impeachment
contra Dilma Rousseff (PT), passou a externar suas opiniões mais fortes
contra a deposição prevista em lei da presidente e a adotar um discurso
de luta de classes, pregando uma espécie de “nós x eles”, como se
houvessem brasileiros de primeira e segunda categoria.
Diante desse cenário, um vídeo recente de Ariovaldo chamou a atenção
por sua apologia às ocupações políticas que vêm sendo feitas em escolas
de todo o Brasil. O movimento, travestido de estudantil, tem clara
influência partidária de esquerda e defende, para além de questões como a
PEC 241 ou a reforma do Ensino Médio, a implementação da ideologia de
gênero no ensino público, legalização do aborto e drogas, entre outros.
“A Câmara federal fez o que se sabia, agora resta o
Senado, o mesmo que implementou o golpe de Estado, diante da comprovada
inocência da presidenta. […] Eles não vão parar, então, se não queremos
esse passado como futuro, se queremos evitar o congelamento da saúde, da
educação, da moradia, do progresso, do crescimento, da sobrevivência
por 20 anos; temos de tomar todos os espaços, a exemplo do que estão a
fazer os estudantes, temos de ir para a rua, temos de ocupar o Brasil
agora! Nosso luto vem do verbo lutar!”, diz Ariovaldo Ramos.
O posicionamento extremista – que ao invés de convocar para manifestações pacíficas, como as que pediam o impeachment
de Dilma, inflama à violência e ao cerceamento de direitos dos demais
cidadãos – chamou a atenção da missionária e escritora Braulia Ribeiro,
que publicou um artigo em seu blog lamentando a postura do pastor.
“É isto mesmo, o pastor de ovelhas, Ariovaldo Ramos convoca a
população para a ocupação desvairada das instituições públicas, ocupação
esta que já causou até a morte de um aluno em Curitiba. Ocupar como um
ato de luto/luta? Ocupar o que e pra que, eu te pergunto, Pr. Ari. Vou
ocupar a escolinha de ensino primário de meu filho no bairro de
periferia onde moro, impedindo meu filho e os filhos de meus vizinhos de
comparecerem à aula, impedindo os professores e trabalhadores que
tenham seu ganho como o seu trabalho honesto, só porque você, em sua
ideologia de resistência a este governo legítimo e democrático, acha que
devo?”, questiona.
Em uma reflexão superficial sobre as consequências práticas de uma
ação coletiva inspirada pelos devaneios políticos de Ariovaldo Ramos,
Braulia aponta questões que parecem ter sido ignoradas pelo pastor: “O
que poderíamos lograr com estas ocupações? Caos. Não é possível que não
passa pela cabeça de nosso amigo pastor, que se seu pedido for aceito em
massa pela população evangélica brasileira o caos social absoluto é
inevitável. Muitos vão morrer, a crise financeira do país como um todo
vai descer mais fundo. Tudo isto justificado por que? Não por opressão,
totalitarismo, cerceamento de direitos civis, nada disto. Apenas por
divergência política num estado perfeitamente democrático”, critica a
escritora.
Braulia aponta erros na postura do líder evangélico: “Pastor
Ariovaldo, que tipo de arrogância é esta que te torna capaz de se
empoleirar em seu Rocinante e decretar que é tempo de abrir guerra
contra a sociedade brasileira? Só posso dizer que é bom que minha mídia
favorita seja a escrita. Se fosse vídeo eu estaria gritando. Não tenho
sangue de réptil bolchevique”, dispara.
Ao final de seu artigo, Braulia contrapõe as observações de Ariovaldo
Ramos sobre a PEC 241 com argumentos baseados no texto da proposta, que
tem por objetivo, recuperar as contas públicas e a capacidade do país
de honrar seus compromissos, após o descalabro promovido nos últimos
anos do governo Dilma Rousseff: “Tudo o que Ari diz no vídeo é
factualmente falso, inclusive o ataque contra a 241. É só ouvir o outro
lado (Temer) que você vai perceber que a PEC não só é necessária,
representa uma volta à sensatez administrativa no governo, e não vai
penalizar a educação, saúde, e programas sociais como querem nos fazer
acreditar”.
Assista no vídeo abaixo a convocação de Ariovaldo Ramos à luta e ocupação contra o governo eleito:
Fonte: Gospel+
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