A Reforma Protestante completará 500 anos no próximo ano e o atual
líder da Igreja Católica, papa Francisco, participará a partir da
próxima segunda-feira, 31 de outubro, de uma celebração na Suécia que
comemora a iniciativa de Martinho Lutero.
O gesto do papa – conhecido por sua incansável tentativa de
reaproximação das duas tradições – já é visto como um fato histórico de
reconciliação com os protestantes, já que a convivência nem sempre foi
pacífica: ao redor do mundo, muitos conflitos armados entre fiéis de
ambos os lados resultaram em muitas mortes.
De acordo com informações da agência France Presse,
Francisco afirmou que considera a iniciativa do então padre Martinho
Lutero um ato de democratização da Bíblia Sagrada, que até então, era
impressa apenas em latim.
A cisão causada por Lutero, que denunciou a venda de privilégios e
indulgências como uma prática desprezível, levou a Igreja Católica – à
época liderada por Leão X – a considerá-lo herege em 1518 por não
reconhecer a autoridade do papa e a excomungá-lo em 1520.
Durante sua estadia na Suécia, Francisco participará de uma cerimônia
na cidade de Lund, sul do país, para comemorar o aniversário da
Reforma. Nesse encontro, as diferenças doutrinárias entre as duas
tradições serão deixadas de lado, com foco nas possibilidades de relação
pacífica conquistadas no Concílio Vaticano II (1962-1965), em que a
Igreja Católica estabeleceu a busca por respeito mútuo como uma meta.
“Não é todo dia que um papa celebra Lutero”, comentou o porta-voz do
Vaticano, Greg Burke, ao ressaltar a importância histórica da visita.
Francisco irá discursar em espanhol, numa tentativa de transmitir uma
imagem atual da Igreja Católica, sediada em Roma, menos arrogante.
A Suécia é um país com nove milhões de habitantes, dos quais apenas
1,2% é católico, sendo a maioria luterana ou ateia. Na celebração em
Lund, com o tema “Juntos na Esperança”, Francisco se reunirá com os
membros da família real, com o primeiro-ministro e com os representantes
da Federação Luterana Mundial.
“A participação do papa é um fato sensacional”, comentou o pastor
alemão Theodor Dieter, diretor do Instituto de Pesquisa Ecumênica, com
sede em Estrasburgo, e especialista em teologia luterana. “Não se deve
esquecer que Lutero descreveu o papa como o anticristo e criticou muito
severamente a Igreja Católica romana”, acrescentou o renomado teólogo.
A postura do papa, no entanto, é criticada por setores mais
conservadores da Igreja Católica: “Não vamos comemorar tanto os 500 anos
da Reforma Protestante, senão principalmente os 50 anos do começo do
diálogo entre luteranos e católicos”, explicou o cardeal Kurt Koch à
imprensa. “Lutero não queria dividir a Igreja. Não queria criar duas
igrejas. Queria reformar a Igreja Católica, mas naquele momento não era
possível, e [isso] deu lugar à divisão dos cristãos e a terríveis
guerras de religião”, acrescentou, explicando o gesto de Francisco.
Fonte: Gospel+
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